segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

VOLTANDO A PEDALAR

NUNCA deixei de pedalar, mas, depois que saí de Parapuã em 1954, minhas preocupações de sobrevivência e trabalho pesaram muito e a bicicleta passou ser mais um meio de locomoção. No período em que morei em Pompeia a minha bicicleta era motorizada e nada de pedalar.

Quando me mudei para Marília para estudar no SENAI, levei a bicicleta motorizada e continuei usando
até que um dia bati de frente contra um caminhão de feirante na principal avenida; Havia um vazamento
de óleo do motor para o aro da roda  e quando precisei brecar para não bater no caminhão que cruzou
na minha frente , simplesmente o freio falhou; Só vi a roda traseira do caminhão poucos centímetros da
minha cara e quando me levantei , a vista apagou e quando acordei estava sentado numa caixa e uma
pessoa me oferecendo agua açucarada.

Na batida do motor no para choque do caminhão, entortou o volante do magneto e não rodou mais e
nem me lembro mais o que fiz com ele; Tirei da bicicleta e voltei a pedalar.

Quase três anos depois , já em São Paulo, trabalhando na Willys , a bicicleta ficou esquecida por um longo
período, substituída por uma motocicleta e depois pelo carro. Depois vieram o namoro, noivado, casamento
filhas, volta ao banco de escola e voltei a pedalar numa Brandani quando as meninas já estavam grandinhas.

Troquei por uma outra melhor e aos domingos invariavelmente ia até o Pq. Ibirapuera e de vez enquando
uma esticada até a Cidade Universitária . Assim pouco a pouco fui voltando a pedalar, ainda sempre so-
zinho.

sábado, 17 de janeiro de 2015

BICICLETA MOTORIZADA

 PARAPUÃ, SP, 1952

Sem que nem ao menos pensasse , um dia chega na loja da família que se chamava Casa Marília, um motor para ser adaptada em bicicleta da marca Victória comprado por um dos tios; Foi uma festa para mim, fiquei
empolgado.

Era do modelo de que podia adaptar em qualquer bicicleta , na lateral da roda traseira; Eu mesmo montei
na bicicleta , o que requeria interpretar o desenho do manual (a escrita era em alemão) e me lembro de não
ter tido dificuldade.

Sabe lá o que é pegar uma estrada de terra com subidas e descidas sem sentir canssaço ?

Não demorou muito para  eu começar a perceber perda de potência do motor e não sabia o motivo
e nem conseguia descobrir ; Conversa vem, conversa vai,  mecânico de uma oficina disse me que o motor
estava sem compressão, mas não entendi e perguntei o que significava : Aí ele me perguntou se eu mistura-
va óleo na gasolina e respondi que sim, e disse que tipo óleo; Aí me explicou que o motor era do tipo  2 tempos e que era preciso misturar um óleo próprio e que isso teria causado desgaste dos anéis e conse-quentemente a perda de compressão e força; Hoje consigo explicar mas na época não entendi nada.

E agora , pensei ! Mas ele mesmo me indicou uma oficina que tinha um "torno" e que daria jeito. O meu avô
parecia que entendia e apesar da minha pouca idade , ele me liberou a resolver  o problema; O mecânico
torneiro desmontou a parte gasta e com os anéis e pistão nas mãos  disse me que numa loja de peças em Marília encontraria e que levasse como amostras.

Mais do que depressa , peguei o trem e em Marília , numa loja de peças de um japonês me venderam as peças dizendo serem de 0,30  (?) ; Levei para o torneiro e pela primeira vez vi e acompanhei um trabalho
executado por um torneiro; Fiquei extasiado vendo o ajuste que o torno fazia no "cabeçote" do motor
com o pistão e os anéis; Não foi naquele momento ainda que decidi um dia ser um torneiro mecânico, mas
não demoraria muito.

Ajustado e montado, e agora usando óleo próprio , 2T, o motor parecia ter ficado melhor do que quando
novo e de fato o mecânico afirmou dizendo que o pistão novo era um pouco maior e mesmo pouco , teria aumentado a força.

Essa experiência ficou gravada na minha cabeça.

sábado, 10 de janeiro de 2015

INÍCIO DA MINHA PEDALADA

PARAPUÃ, SP-1951

Tinha 12 anos quando ganhei a minha primeira bike: Era uma Monark, aro 28, Suiça toda equipada, de freio
no pé, só na traseira ; Era o meu xodó e ninguém podia subir nela; Minhas pernas não alcançavam e tinha
que pedalar com uma perna entre o quadro; Mas não demorou muito para , ao menos pedalar quase senta-
do sobre o cano do quadro.

Gostava tanto que vivia para cima, para baixo a toda momento, nas ruas que eram todas de terra;

Mas a minha vida já naquela época não era só bike; Tinha as minhas tarefas diárias que começava de manhã
cedo enchendo caixa d'agua e ofurô com bomba manual de poço; Depois de aberto a loja/armazém ia ao
Correio levar e retirar correspondências da caixa; Em seguida , de bike, ia nas casa de fregueses tirar pedi-
dos do que estavam precisando, anotando numa caderneta e depois de separar no armazém ia de bike de
carga entregar,

Não demorou muito para que começássemos a vender bicicletas na loja da família e aí foi aumentando a minha paixão pela bike : Na época todas importadas cuja marcas eram Monark, Philips e Husqvarna, as vendas foram aumentando e aparecerem necessidades de manutenção: Daí , comecei a me interessar em
fazer reparos e logo estava ganhando o meu  dinheirinho.

Começou a formar grupos de ciclistas já naquele tempo e aos domingos íamos para cidades vizinhas: Um certo dia, estava indo para a estação de trem e numa descida bati numa pedra, perdi o equilíbrio e ao cair de bruço sobre uma outra pedra , fraturei o pulso e fiquei uns 40 dias de tipoia sem poder pedalar, além do estrago na bicicleta. Entortou a roda, o garfo e o quadro e pensei ter perdido sem ter como consertar: Aí, o meu avô mandou me desmontar e levou para uma oficina de arados de um parente em Osvaldo Cruz e ele mesmo desentortou  e  tive a de volta como antes. 

Assim nascia a minha paixão pela bike!